A onda de calor - que parece ter vindo para ficar - põe a necessidade de ações de Redução de Danos em eventos de massa, como o carnaval, em outro patamar, o de urgência. Os gestores públicos precisam entender e responder a isso. No Sítio Histórico de Olinda, durante os dias de folia, não se viu uma ação da prefeitura com o foco na redução de danos para prevenir a saúde e melhorar o bem-estar da população. Se você fizer uma busca no Google com o nome do prefeito, Lupércio, e os termos carnaval, Olinda e redução de danos, vai conferir que - de fato - nada foi feito ou divulgado.
O carnaval de Pernambuco é caracterizado por ser feito nas ruas, nas manifestações populares. Portanto, é para quem está na rua - ou passa por ela para chegar ao camarote - que a gestão pública deve olhar e interagir. Em Olinda, a gestão do prefeito Professor Lupércio ficou devendo nesse quesito. Assim também como teve mau desempenho em outras questões importantes de organização e zeladoria da festa, como coleta de lixo, ordenamento dos trabalhadores ambulantes e controle do tráfego de veículos.
Faltaram ações da gestão municipal para a saúde e o bem-estar de quem realmente faz e vive a festa; sobraram ações de propaganda de jogos de azar. Uma plataforma de apostas eletrônicas foi a patrocinadora oficial do carnaval de Olinda, se tornando onipresente na Cidade Alta. Muitos imóveis tombados terminaram descaracterizados para receber a fixação de faixas e cartazes.
Este ano a Escola Livre de Redução de Danos decidiu não montar a Casa Fique Suave, por conta do processo de criminalização vivido no ano passado. Ficou demonstrado que, para quem estava na festa de rua, fez muita falta um espaço para o descanso, com distribuição gratuita de itens como água, protetor solar e camisinha.
Além da necessidade de informações responsáveis e objetivas sobre o uso de álcool e outras drogas, a redução de danos promove bem estar individual e coletivo por meio da ação direta do acolhimento em diversas dimensões. Desde o direito ao repouso seguro e a hidratação permanente até a prevenção combinada recheada de diálogo e respeito.
Algumas empresas de ramos variados investiram na divulgação das suas marcas impressas em viseiras, chapéus e leques distribuídos nos pontos de acesso à folia. Mas isto não é Redução de Danos; é ação de marketing empresarial. Na semana pré-carnavalesca, festas privadas forneceram gratuitamente água potável. É o início de uma prática, algo há muito reclamado por quem atua com RD e que acontece agora por conta da portaria em vigor do Ministério da Justiça. A norma foi publicada após a morte de uma jovem antes de um show da cantora Taylor Swift no Brasil.
O ano de 2024 é também de eleições municipais. Com população de cerca de 350 mil habitantes, Olinda vai às urnas decidir quem será o(a) próximo(a) prefeito(a). Quem vencer terá pouco tempo para planejar a festa de 2025. Terá também a oportunidade de pensar a Redução de Danos como parte integrante e imprescindível para o Carnaval de Olinda.