“Cuidado não é colonizar. Cuidado é construir emancipação”
A fala acima foi dita por Luana Malheiro no 4° encontro do curso de Redução de Danos da Escola Livre de RD.
A lógica patriarcal e colonizadora imagina que quando um grupo vulnerável fala sobre cuidado, as práticas medicalizantes são capazes de dar conta de nossas urgências. Não são! Nunca
serão!
Tenho sido provocada nesse processo formativo em Redução de Danos sobre quais são os cuidados ofertados à populações em vulnerabilidade e, quais são as perspectivas de atenção pensadas para as pessoas que fazem uso de drogas. Quem define os quereres? Qual a validação de "ser cuidado" nessas situações? Qual a importância de escutar a vontade do processo de troca?
Enquanto pedagoga antiproibicionista considero que a escuta deve ser o princípio norteador de qualquer prática de cuidado. Exemplifico: posso pensar que a volta para um espaço formal de educação pode ser um grande avanço para uma pessoa. Posso pensar isso? Sim! Posso definir isso como solução para todos os problemas dessa pessoa? JAMAIS! ao invés de definir, preciso escutar, acolher e ofertar acesso à garantias de direito com base na vontade do outro,
isso é sobre emancipação e autonomia. Isso é princípio de cuidado ancestral.
Quando lembro de cuidado, percebo que sou tantas e ressignifico a minha existência na construção de potências com a pedagogia do anúncio
Cuidado é sobre reconhecimento, acolhimento e escuta atenta. Cuidado é perspectiva horizontal de Redução de Riscos.
Cuidado é a oportunidade de ressignificar a ordem colonial.
Uma perspectiva de Redução de Danos que desconsidera a urgência de pautas
antiproibicionistas, antimedicalizantes, antimanicomial e em respeito à autonomia é um reforço à lógica de colonização que só repete o controle de corpos em prol do capital.
Pense nisso.
Driele de Santos
Pedagoga Griô, Feminista Antiproibicionista, Educadora Popular e Pesquisadora no âmbito da Pedagogia Social de Rua