A mensagem é também uma ordem: parem de nos violentar, de nos prender e de nos matar! Este foi o recado da intervenção em praça pública que mulheres feministas de nove países da América Latina, incluindo o Brasil, realizaram para marcar o Dia pela Eliminação da Violência Contra a Mulher. “Queremos visibilizar para toda a sociedade que a violência física e letal contra as mulheres precisa acabar, mas que há outras formas de violência que nos oprime que também devem ser revistas”, contextualizou Priscilla Gadelha, coordenadora da Escola Livre de Redução de Danos, uma das entidades organizadoras do ato.
A intervenção com cartazes lambe-lambe aconteceu na Praça Oswaldo Cruz, área central do Recife, na tarde da sexta-feira. O dia 25 de novembro foi declarado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1999 como marco mundial em memória das três irmãs Miralba, que se opuseram, na República Dominicana, ao governo do presidente Rafael Trujillo (1930-1961) e, por isso, foram assassinadas.
“É importante reconhecer que a luta das mulheres brasileiras, em especial as negras e moradoras de periferia, tem pontos em comum com a luta das companheiras de outros países da América Latina. Isso nos conecta em escala global e fortalece a luta coletiva ao mesmo tempo que potencializa a existência de cada uma de nós”, avaliou Ingrid Farias, da Rede Nacional de Feministas Antiproibicionistas (Renfa).
Quatro organizações participaram do ato em praça pública organizado por mulheres cis e trans. Além da Escola Livre de RD e Renfa, a Rede Latino Americana de Pessoas que Usam Drogas (LANPUD) e Plataforma Brasileira de Políticas de Drogas (PBPD) marcaram presença.
FEMINICÍDIO
Entre março de 2020, início da pandemia de Covid-19, e dezembro de 2021, foram registrados no País 2.451 feminicídios. Para a legislação brasileira, feminicídio é crime de ódio com base no gênero, assassinato da vítima em função da sua condição de mulher.
No mesmo período (mar/2020-dez/2021), também foram registrados 100.398 casos de estupro e estupro de vulnerável de mulheres. Ou seja, uma menina ou mulher foi vítima deste tipo de violência a cada 10 minutos, considerando apenas os casos que chegaram até as autoridades policiais. Em crimes assim, há a subnotificação de ocorrências. Os dados são do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, com base nos boletins de ocorrência das 27 Unidades da Federação.