Vai começar o período de fortes chuvas.
E como fica a vida das pessoas em situação de rua?
A Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac) divulgou oficialmente a previsão dos próximos meses e alertou que, a partir de junho, as chuvas ficarão mais intensas em cidades da Região Metropolitana, Zona da Mata e Agreste do Estado.
Você já parou para pensar na situação das pessoas em situação de rua no período chuvoso mais intenso? Para quem suprir necessidades básicas, como comer e dormir em segurança, já é algo difícil no dia a dia, como deve ser a sobrevivência na cidade em colapso, com ruas alagadas e comércio fechado.
"A população de rua é quem mais sofre nessa época. Dificuldade para conseguir se alimentar, porque grupos que costumam doar refeições ficam sem condições de ir às ruas, dificuldade para se abrigar de forma segura. Todo ano, essa população também é esquecida e fica de fora das ações que o poder público anuncia”, nos conta Jaílson Santos, coordenador do Movimento Nacional da População em Situação de Rua."
Jaílson Santos, coordenador do Movimento Nacional da População em Situação de Rua.
RECIFE
Não há qualquer iniciativa específica ou medida estruturante para atender as pessoas em situação de rua em contexto de fortes chuvas, como as registradas no ano passado na capital pernambucana. Os abrigos municipais acolhem apenas no período noturno. De manhã cedo, às 5h, é obrigatório deixar o espaço.
No final de março, o prefeito João Campos (PSB) anunciou um pacote de investimentos que somam R$ 225 milhões na capital. No entanto, nenhum centavo deste montante contempla o reforço de ações para a pop. rua. Também não haverá a entrega de novas unidades habitacionais, o que poderia ajudar a reduzir o déficit de pessoas sem moradia digna.
O município estima hoje, pelo menos, cerca de 32 mil famílias vivendo em áreas inseguras por estarem sujeitas a alagamento e deslizamento de barreira. O número de locais de risco é algo incerto. Mas o poder público trabalha com a base de 15 mil pontos.
O PSB, administra o Recife há uma década (8 anos de Geraldo Julio, com João Campos no exercício do 3º ano). Importante registrar que este grupo político também não avançou na urbanização de áreas de risco, num Recife cujo seu território é de 65% de morros e encostas.
PROPOSTAS
Abaixo, 04 propostas possíveis para o município poderia adotar para inserir a pop. rua no orçamento público, com foco nas ações destinadas ao período de fortes chuvas.
- Aluguel social para pessoas em situação de rua, com foco nas que estão há mais de 01 ano no hotel social e abrigo noturno. Ao fim deste período, as pessoas precisam deixar o abrigo, mesmo sem ainda ter aonde ir.
- Ampliação da capacidade de acolhimento da rede e atendimento especial durante o período de fortes chuvas.
- Realizar levantamento para identificar quantas pessoas, de fato, estão em situação de rua na cidade.
- De forma mais estruturante, ações para estimular a geração de renda de pessoas que estão em contexto ou ameaçadas de irem para a vivência em rua.
- Fortalecimento da política habitacional, com ênfase para pessoas que estão em situação de rua ou vivem em coabitação ou área de risco.