Curso de Redução de Danos capacita profissionais de serviços, iniciativa é parceria com a organização internacional Mainline
Com o objetivo de reduzir o risco de transmissão do HIV e aumentar a adesão ao tratamento antirretroviral entre jovens do Recife que fazem uso de crack e cocaína, a Escola Livre de Redução de Danos deu início ao curso de aprimoramento para profissionais de diferentes serviços, organizações e movimentos da sociedade civil com foco nos direitos humanos. No primeiro momento, o curso vai capacitar 40 trabalhadores na abordagem e atendimento do público alvo.
A iniciativa faz parte da campanha ViiV Healthcare Positive Action (ViiV Healthcare: Ação Positiva), na tradução para o português). É desenvolvida pela Escola Livre em parceria com a organização holandesa Mainline Drugs & Health, a Rede Latino-Americana de Pessoas que Usam Drogas (Lanpud) e a Fundação Oswaldo Cruz/Fiocruz-PE.
“O foco é alcançar melhor os jovens usuários de crack e cocaína que vivem no Recife, com foco especial nas mulheres, para melhorar a oferta de redução de danos e acesso aos serviços. E, assim, reduzir o risco de HIV e aumentar a adesão ao tratamento antirretroviral”, explica o psicólogo Arturo Escobar. Ele é um dos coordenadores da Escola Livre e está à frente da gestão da iniciativa, pioneira na capital pernambucana.
Com carga horária de 52 horas, o curso terá duas turmas de 20 profissionais, cada. As aulas começaram no dia 30 de agosto e estão sendo ministradas na nova sede da Escola Livre, na Rua do sossego, no Centro do Recife, onde funcionará também o centro de convivência para pessoas em situação de rua, que antes funcionava na Rua das Ninfas, também área central da cidade.
Além da prevenção e tratamento ao HIV, a iniciativa também terá foco nas ISTs (infecções sexualmente transmissíveis). Trabalhos já realizados apontam maior prevalência entre jovens que fazem uso - individualmente ou de forma combinada - de álcool e outras drogas, em especial o crack.
Pesquisas da Fiocruz-PE identificaram, em relação à infecção por HIV, taxa de prevalência de 13 a 17 vezes maior que o observado na população geral. E ocorrência de sífilis de 22% nessa população usuária de drogas, por exemplo.
“Se considerarmos as mulheres diretamente envolvidas com atividades sexuais profissionais, a frequência de sífilis atinge 60% desse público. Outros dados que chamam atenção dizem respeito às ocorrências de violências e gravidez acerca do risco de manutenção das transmissibilidades de ISTs”, contextualiza Arturo.