No mês da Consciência Negra, a Escola Livre de Redução de Danos acaba de assinar um termo de cooperação com a UNIDOS, a Rede Nacional de Redução de Danos da República de Moçambique, país da África. A parceria é inédita e válida por dois anos. Nesse período, as organizações da sociedade civil brasileira e moçambicana vão compartilhar experiências de cuidado e acolhimento às pessoas que fazem uso de drogas em contextos de vulnerabilidade.
“É um passo importante nesse desafio de promover um intercâmbio de culturas e práticas sobre direitos humanos e políticas sobre drogas. Essa parceria também tem impacto positivo no fortalecimento das relações entre países do sul global”, avalia Rafael West, um dos coordenadores da Escola Livre.
Com sede em Maputo, capital de Moçambique, a Rede Unidos tem como missão o trabalho em favor da saúde e dos direitos humanos das pessoas que fazem uso de drogas no continente africano, com base nos valores do amor, da equidade e inclusão dessa comunidade.
“É o início de uma cooperação duradoura, que temos certeza que vai evoluir e fortalecer nossas intervenções em favor da saúde dessas populações”, atesta Manuel Condula, coordenador nacional da Rede UNIDOS em Moçambique.
O intercâmbio intercontinental entre a Escola Livre e a Rede Unidos prevê sete objetivos em favor do fortalecimento da redução de danos como prática de cuidado e acolhimento, com enfoque especial às questões de raça, gênero e sociais.
História
Moçambique está localizado no sudeste do continente, banhado pelo oceano Índico. Compartilha com o Brasil a língua portuguesa e um passado de colonização. No caso do país africano, a independência foi bem mais tardiamente reconhecida. Apenas em 25 de junho de 1975 livrou-se da exploração portuguesa para se chamar República Popular de Moçambique.
Dois anos após a independência, Moçambique entrou numa guerra civil prolongada (1977 a 1992). Em 1994, o país realizou as suas primeiras eleições multipartidárias e manteve-se estável desde então. No contexto político e social moçambicano, a redução de danos surge como uma estratégia eficiente para melhorar indicadores de saúde e desenvolvimento humano.